Outro dia presenciei uma cena bastante curiosa.
Um senhor parou seu carro numa vaga para idosos num shopping center e mesmo tendo colocado o cartão de idoso, foi repreendido de leve por uma outra pessoa que estava nas imediações.
Analisando bem o caso, o motivo principal foi visual.
Como o senhor estava bem-vestido, ereto e caminhava a passos largos, não batia com a imagem do senhor de chapéu, curvado e de bengala do ícone da vaga de estacionamento.
O avanço da medicina, a prática de exercícios e esportes, o consumo de suplementos alimentares e principalmente a informação, tem mudado esse estereótipo que todos os idosos deveriam estar como no ícone do estacionamento.
E, diga-se de passagem, em muitos estabelecimentos já mudaram para a inscrição 60+, que já dá uma aliviada no preconceito e ageísmo do estacionamento.
Mas ainda existem algumas coisas arraigadas no mercado de trabalho que contribuem para que os sêniores passassem a ter diversas preocupações e que pelo jeito vão demorar um tempo para serem mudados.
Já observaram que nas contratações, muitas empresas consideram os profissionais acima de 50 anos, velhos demais para trabalhar e a sociedade e o governo consideram a mesma idade nova demais para se aposentar?
Ageísmo, conflito geracional, mudanças aceleradas, tudo isso é apresentado aos mais idosos como uma barreira que a cada par de meses, não anos, se torna mais uma fila de tijolos na parede de obstáculos.
Mas precisa ser assim?
De jeito nenhum.
Em seguida irei compartilhar algumas preocupações comuns que profissionais próximos à idade sênior podem enfrentar em relação ao seu futuro profissional. É importante ressaltar que as preocupações individuais podem variar dependendo de vários fatores, como setor de trabalho, nível de experiência, contexto econômico e cultural, entre outros. Mas apresentarei também aspectos que devem ser considerados, baseados no autoconhecimento desse profissional que podem diminuir muito essa ansiedade e preparar esses profissionais para os desafios futuros.
Aqui estão algumas preocupações comuns:
Discriminação etária: A idade pode ser percebida como um fator de discriminação no mercado de trabalho, com a preferência por profissionais mais jovens. Muitas vezes são desconsideradas a experiência como se o futuro não dependesse de informações passadas, da manutenção em certos postos de pessoas comprometidas também com a empresa e não somente com as necessidades perenes e individuais. Os profissionais seniores ainda carregam aquele orgulho de trabalharem e conhecerem as empresas profundamente e por anos, não buscando aventuras e nem tendo a ansiedade por promoções que os mais jovens almejam tão rapidamente. Alguns profissionais mais velhos podem temer que sua idade seja um obstáculo na busca por oportunidades de emprego, promoções ou novos desafios.
Outro ponto fundamental nesse quesito é o famoso choque geracional, onde os mais jovens, mesmo sem conhecerem, tem o pré-conceito de que se trata de alguém desatualizado, difícil de conviver, ranzinza e outros adjetivos. Por outro lado, os mais velhos podem de a mesma forma pré-julgar o profissional, que ele também não conhece, como descompromissado, apressado, superficial, sem experiência, etc.
Qual a solução disso?
Dois pontos fundamentais.
Primeiro, ouvir sem pré-julgamento. Eu disse ouvir, não escutar, e isso deve ser feito com atenção. Somente após essa escuta é que se pode processar se o que foi dito tem ou não valia, conformidade, evidências de que possa ou não dar certo. Para aquelas pessoas que falam em cima das outras, discordam mesmo sem ter ouvido tudo, essa situação pode ser traumática.
Segundo, entender seu próprio perfil, o que o irrita, como tende a se comportar, para poder adaptar o seu discurso ao seu interlocutor. E isso vale para os dois lados.
Insisto para que os mais idosos se conheçam melhor porque, nos últimos tempos, existem mais ferramentas de avaliação que podem oferecer uma assertividade de até 92% e baseadas em neurociência, oferecendo um panorama confiável e extremamente utilizável, para se alicerçar o sucesso em grupo.
Outro grande remédio é medir com precisão seu grau de inteligência emocional e medição de motivação.
Esses dados mostram o que deve melhorar na sua percepção interna e na forma de externar seus sentimentos aos seus pares, evitando perrengues desnecessários no dia a dia.
Já se sabe que hoje em dia a Inteligência Emocional é mais valorizada que o QI em diversas empresas. Afinal os resultados são feitos pelas pessoas, e a boa comunicação para a obtenção de resultados, passa pela medição e a aplicação dos conceitos de Inteligência Emocional.
Relevância e obsolescência: Alguns profissionais podem se preocupar em manter-se atualizados com as mudanças tecnológicas e as demandas do mercado de trabalho em constante evolução. Eles podem temer que suas habilidades e conhecimentos se tornem obsoletos, tornando-se menos valiosos ou competitivos em relação a profissionais mais jovens.
Essa é uma boa notícia para quem pensa dessa forma, manter o aprendizado contínuo, melhoria contínua. Sim, você pode ser competitivo nas mesmas bases de comparação com os mais jovens, mas isso só depende de você.
O problema passa a ser grande quando o profissional sênior tem aquela voz interna na cabeça que diz a ele que a sua experiência e conhecimento do passado valem mais que esses modismos. Que ele tem tanto tempo na empresa que não tem necessidade nem paciência de ficar aprendendo essas coisas novas que logo desaparecem, e tem na ponta língua uma série de exemplos como a reengenharia e outras coisas que no passado, apesar das promessas de mudança radical, não foram bem assim.
A solução, passa por conhecer a forma como se reage às coisas novas, as mudanças que fatalmente ocorrerão, cada vez de forma mais rápida a partir de agora.
Baixos índices de estabilidade são bons indicadores para ambientes mutáveis e de agenda mais flexível. Já os altos índices, exigem da pessoa uma maior compreensão de que sua maior afeição a previsibilidade tem que ser superada. Que a falta de expressividade, comum às pessoas de alta estabilidade, podem parecer que seja do contra, mas na realidade só estava processando as informações, para chegar à conclusão de como as novidades irão tirá-lo da área de conforto. Impossível não é, mas depende de autoconhecimento para gerenciar essa situação e não transparecer negatividade a equipe.
Pressão para aposentadoria: Como já foi dito, embora a medicina esteja avançando e permitindo que as pessoas mantenham uma boa saúde e produtividade por mais tempo, ainda pode haver pressão social ou organizacional para que os profissionais mais velhos se aposentem, abrindo vagas para a juventude. Isso pode criar incertezas em relação à continuidade da carreira e às perspectivas futuras.
As justificativas para essa pressão podem ser:
A idade: Que não deve ser um critério para determinar a contribuição de alguém no local de trabalho, mas sim a sua contribuição e resultados. Isso sim é que as organizações devem valorizar além da diversidade etária e reconhecer o valor da experiência e da sabedoria acumulada pelos trabalhadores mais velhos. Felizmente, muitas empresas estão começando a adotar políticas e práticas que promovem a inclusão e a valorização de profissionais de todas as idades.
Transição de carreira: Alguns profissionais mais velhos podem considerar uma transição de carreira ou explorar novas oportunidades fora do campo em que estavam anteriormente. Essa transição pode trazer preocupações sobre a adaptabilidade, a obtenção de novas habilidades ou competir com candidatos mais jovens.
Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: À medida que se aproximam da idade sênior, muitos profissionais valorizam mais o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Eles podem estar preocupados em encontrar oportunidades que ofereçam flexibilidade, menos demandas de trabalho e a capacidade de desfrutar de seus interesses e hobbies fora do ambiente profissional.
RH’s de empresas estáticos e genéricos: Mas talvez o grande empecilho a ser quebrado nos próximos anos, seja a preocupação das empresas em promover inclusão ou políticas anti ageísmo, sem uma política de adaptação dos departamentos de RH, para saberem como tratar esses casos as diversas pessoas que entram nessa fase, ainda trabalhando na empresa.
Enquanto as políticas forem genéricas, o profissional sênior terá muito mais trabalho para mostrar o seu valor diariamente.
Embora essas preocupações possam ser legítimas, é importante ressaltar que cada indivíduo tem suas próprias experiências, recursos e oportunidades. Muitos profissionais mais velhos encontram maneiras de se adaptar, crescer e se destacar em suas carreiras, aproveitando sua experiência e sabedoria acumulada. A busca por orientação, atualização de habilidades e disposição para se adaptar às mudanças do mercado de trabalho podem ajudar a enfrentar essas preocupações de forma mais eficaz.
Em resumo, as preocupações existem, mas as saídas também. Tudo passa pelo autoconhecimento e firme determinação de não desistir, mas continuar na luta e entregando resultados que não deem margem a discussão ou dúvidas, baseados na qualidade, experiência, engajamento e comprometimento com a empresa e consigo mesmo.
Até a próxima
Maurício Duarte
Antares Talentos
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