Durante toda a minha vida, ouvia falar que aos 45 anos, para um processo seletivo, a pessoa já era considerada “velha” para adentrar como colaborador em uma empresa.
Posteriormente essa marca passou para os 50 e hoje com a probabilidade de se ter que trabalhar até os 65 anos para se aposentar, creio que outro patamar será erguido em pouco tempo.
Mas o que se pode verificar é que seja aos 45,50 ou 60, participar de uma entrevista de emprego, tem um peso muito maior na ansiedade do entrevistado do que, talvez, na de um jovem em início de carreira e sem o peso da idade nas costas.
Seja lá como for, o autoconhecimento nessa hora vale muito, pois saber as suas fraquezas e fortalezas é a chave para um bom desempenho na hora da entrevista.
A avaliação de comportamentos observáveis baseados em DISC é uma excelente ferramenta para uso como apoio nesses casos.
Os resultados provenientes de uma boa devolutiva podem ajudar ao candidato não somente a responder, mas também a ter ideia sobre o que perguntar, para saber se o seu investimento de tempo com relação à vaga atende ao seu perfil de Talentos. Se, além disso, tiver muito bem definido seus principais Motivadores, poderá ainda ter maior assertividade para saber se a vaga realmente lhe convém.
Abstenho-me nesse momento de fazer um descritivo muito pormenorizado de cada perfil, mas descreverei os quatro em suas nuances alta e baixa, citando as principais características que tendem a acontecer durante a entrevista.
Quero deixar muito claro o termo relacionado à Tendência, já que comportamentos não podem ser encarados como uma ciência exata e principalmente, durante o momento da entrevista, outros fatores podem ocorrer que levem a uma súbita mudança de tendência.
Os oito tipos e a entrevista.
Pessoas com alto fator de Dominância, ou como chamamos, de Alto D, que tendem a ser mais diretas, assertivas, rápidas na tentativa de resolver situações, tendem a ser mais ansiosas com o processo.
Isso significa que desde atrasos ocorridos na hora da entrevista, falta de respostas precisas as suas indagações, podem ocasionar uma irritação que pode atrapalhar o processo. Respostas mais apressadas, sem uma correta interpretação do que se está tentando captar com a pergunta, podem ser outro empecilho.
Manter a calma, respirar e pensar um pouquinho antes de responder, por mais que não tendam a ser absolutamente natural a pessoas com essa dimensão com alta pontuação, é uma boa estratégia na hora da entrevista.
O indivíduo de Baixo D, por ser uma pessoa com menos impulsos de urgência, não tendem a ter as mesmas dificuldades do Alto D, porém há necessidade de se aterem também a não demorarem muito no início da resposta. Pessoas com Baixo D tendem a ser bastante cooperativas, mas com tendências a responderem de acordo com o que sentirem maior aprovação por parte da autoridade, que nesse caso será o entrevistador. A dica é analisar sempre com atenção a pergunta e ser mais objetivo e sincero, sem tentar perceber em demasia o que o entrevistador deseja. Caso exista essa demora, poderá até ser encarada como falta de iniciativa ou criatividade, que em hipótese alguma nesse caso corresponderá à realidade.
As pessoas com Alto fator de Influência, Alto I, tendem a ser mais falantes e preocupadas em agradarem as pessoas presentes no ambiente. Essa dimensão pode vir a ser um problema em entrevistas ou em dinâmicas de grupo caso o participante não consiga controlar o seu ímpeto de falar. Ter a palavra em determinados momentos é importante para essas pessoas, mas nem podem monopolizar o ambiente, nem tampouco se sentirem desmerecidas ou rebaixadas caso não tenham a oportunidade de fazê-lo naquele momento.
Pessoas com Baixa intensidade no fator Influência, Baixo I, tendem a ser mais quietas, assertivas em suas colocações, pronunciando-se me momentos em que for demandado e sem se importar muito com o que irão pensar a respeito de suas colocações. São pessoas digamos, mais “sinceras”. Essa sinceridade pode ser confundida com rusticidade ou falta de apreço pelos demais, mas é uma característica natural dessas pessoas, assim como serem mais céticas e desconfiadas nas situações cotidianas. Ter essa compreensão pode fazer com que essa característica não fique tão exposta no momento da entrevista, especialmente se comparado a um concorrente de Alta Influência que se esforçará ao máximo para demonstrar a sua simpatia no momento da entrevista e com as pessoas ao seu redor.
Sobre as pessoas com Alta Estabilidade, ou Alto S, podemos dizer que são pessoas que não tem muita tolerância a mudanças, especialmente as bruscas. Ou seja, são pessoas que buscam qual é a implicação de sua resposta nos próximos passos. Pessoas com Alto S não costumam demonstrar em suas feições aquilo que estão sentindo e, por conseguinte, tornam-se um enigma para o entrevistador. Isso pode ser bom ou ruim, dependendo da situação. Um dos grandes motivos de estresse de uma pessoa com Alto S é ser obrigada a responder rapidamente a uma questão a qual não processou totalmente o sentido ou que não sabe exatamente quais serão os desdobramentos a partir de sua resposta. A dica nesse caso é, a partir do momento em que se tenha consciência disso, tentar responder com maior celeridade para não parecer desinteressado ou lerdo, o que também não corresponde a realidade, mas sim ao momento fático.
Falando-se agora no outro extremo, as pessoas de Baixa Estabilidade, Baixo S, tendem a ser mais impulsivas e a se aborrecerem com facilidade em atividades repetitivas. É importante que o foco no momento da entrevista seja reforçado tendo em vista essa característica. Há necessidade de maior atenção em dinâmicas de grupo mais complexas e demoradas para não perderem o foco. Sua avidez por novidades pode ser um ponto positivo no momento da entrevista se usa-la criando novas soluções ou respostas aos velhos testes.
Por fim, vamos nos ater a Dimensão Conformidade. Primeiramente ao Alto C. Pessoas com essa dimensão procuram lógica e fundamentação nas coisas para basearem as suas respostas. Perguntas abstratas ou que não tenham sido previamente refletidas podem causar desconforto no candidato. É bom sempre ter isso em mente para não ter receio de responder, mesmo com as devidas cautelas, aos questionamentos propostos. Nem tudo tem uma lógica explícita numa entrevista de emprego. As reações ao imprevisto também contam numa avaliação.
Outro ponto que irá causar estresse será participar de uma entrevista que considere mal planejada. Atrasos por parte da empresa, pouca orientação, sentimento de pouca organização, podem ocasionar um desconforto que por sua vez pode se refletir em suas respostas e ações.
Por outro lado as pessoas com Baixo C tendem a ser mais intuitivas, com respostas mais rápidas, mas às vezes menos refletidas. Uma das principais coisas a se lembrar é que, as respostas com relação à experiência profissional tenham que ser mais assertivas. Dizer que sabe por puro otimismo, sem conhecer um pouco mais profundamente os requisitos necessários à função, podem colocar uma pessoa em situações mais delicadas no futuro, à medida que o processo seletivo se desenvolva.
O mais importante, porém é se auto reconhecer, de forma imparcial a através de uma boa ferramenta de avaliação, manter um rotina de aprendizado contínuo e mantendo a autoestima em dia.
Em resumo, use Senioridade a seu favor, incitando a calma e a vivência como fator positivo e não como sinônimo de desatualização ou obsolescência registrada.
Até a próxima
Maurício Duarte