O burnout é a possível realidade de muitas professoras e professores que, mesmo diante de condições adversas — como carga horária excessiva, múltiplas turmas, metas irreais e falta de apoio institucional — continuam tentando manter viva a missão de educar com propósito. A cobrança constante por inovação, o acompanhamento individualizado dos alunos e as demandas administrativas que invadem o tempo pessoal tornam o cenário ainda mais complexo. Soma-se a isso a desvalorização social da profissão, que fragiliza o limite da autoridade docente e transforma os espaços digitais em arenas de julgamento e desrespeito.
Diante de tanto, o risco de burnout se torna altíssimo. Mas, embora muitas dessas questões exijam mudanças estruturais urgentes, há também caminhos possíveis que podem ser trilhados individualmente, como forma de proteção e fortalecimento. Não podemos aguardar a resolução ‘dos outros’ para nos preservarmos. Desejamos continuar nessa trajetória? então, como podemos minimizar os desgastes?
O autoconhecimento é um deles. Compreender o próprio modo de trabalhar, reconhecer seus limites, suas potências e valores permite ao professor agir com mais clareza e coerência, mesmo em ambientes adversos. Como reajo e porque? Como evitar dissipação de energia emocional?
A autogestão do tempo é outra ferramenta essencial: planejar de forma estratégica, de tal forma que uma mesma ‘planilha’ seja reutilizada para outros fins. Isso colabora para se evitar o retrabalho e otimizar o esforço para recuperar parte do tempo pessoal, tão invadido pela rotina escolar.
Além disso, o desenvolvimento da inteligência emocional permite reconhecer gatilhos emocionais — como frustração, raiva ou desânimo — e criar estratégias internas para lidar com eles de forma mais saudável. Não se trata de “dar conta de tudo”, mas de desenvolver recursos internos que fortaleçam a saúde mental e a autonomia profissional.
Conhecer seu público, ou seja, alunos! Quais as fases de desenvolvimento em que estão e como ajusto minhas expectativas e discurso para esta realidade? Junto a eles temos os pais. Quais os limites que devemos impor e como acolher e encorajá-los para um novo caminho? Não é nosso papel, como professor, orientar as famílias, mas cabe a nós definir limites com respeito e acolhimento.
Cuidar de si não é um luxo. É uma necessidade urgente para quem ainda acredita que educar vale a pena. E mais: é um ato de resistência frente a uma realidade que precisa, sim, ser transformada — mas que pode começar com passos firmes dados de dentro para fora.