Olhando a situação causada pelo COVID-19 no mercado, dá para se notar que o maior sentimento no momento é medo.
Mas medo do que?
De uma série interminável de coisas.
De perder a saúde, seja a própria ou de seus entes queridos, mas acima de tudo sobre o que vai acontecer nos próximos meses com relação a empregos, salários, vendas e recebimentos.
Obviamente que é explicável em todos os sentidos, mas para todos eles existem formas de diminuir os riscos.
Da saúde através de medidas sanitárias, de higiene e distanciamentos social.
Na economia, as dúvidas são bem maiores, pois a questão não é somente de foro pessoal, mas interdependente de todo o sistema de negócios, nacional e internacional.
Foge de nosso controle em grande parte o entendimento da economia macro, mas temos como intervir na parte micro, ou seja, dentro de nossas próprias empresas.
Falar em cabeça fria nesse momento só pode ser piada, mas temos que ter um raciocínio lógico e ponderado para definirmos aquilo que não podemos intervir e aquilo que podemos, focando então nesses pontos.
É uma questão de observação, obtenção de evidências e buscar soluções para isso.
E é exatamente nesse ponto que as coisas se complicam.
Achamos que temos a maioria das respostas às questões, mas na realidade nem os mais sábios nesse momento tem uma visão absolutamente clara ou a possibilidade de fazer qualquer prognóstico assertivo, mesmo se utilizando os modelos matemáticos existentes. Afinal são baseados em conhecimento de crises passadas onde nem todos os componentes estavam presentes como essa.
Outra pergunta que nesse momento temos que enfrentar é, quais são os nossos talentos e quais os pontos em que não somos tão bons assim?
Por que dessa pergunta? Já explico.
Fatalmente os gestores de grandes ou pequenas empresas terão que fazer reajustes em sua força de trabalho. Espero sinceramente que se tenha que demitir o mínimo possível, mas nessa hora, como se chegar a uma conclusão produtiva sobre quem vai e quem fica?
Os empreendedores normalmente têm um lado mais intuitivo das coisas. Quanto menor o negócio, quando há poucos colaboradores, normalmente o proprietário é mais impulsivo, adepto de respostas e ações rápidas. Sem muita fundamentação teórica ou baseada em números e evidências estruturadas.
Afinal boa parte desses pequenos empreendedores iniciaram suas carreiras sozinhos, e a medida em que foram crescendo, normalmente estavam diretamente ligados à operação e administrando basicamente por instinto.
Se deu certo até aqui, por que não daria daqui para frente?
Porque mudavam as pessoas, mas a conjuntura e as condições de mercado praticamente não.
Até hoje tínhamos tido crises fiscais, crises econômicas, crises governamentais, crises de fatias de mercado, mas normalmente uma de cada vez.
Hoje temos todas juntas e ainda uma restrição a circulação de mercadorias e clientes em âmbito mundial e não somente local.
Essa diminuição deve ocasionar uma queda brusca de vendas, de lucratividade, e consequentemente deverá ocasionar um ajuste de despesas, incluindo folha de pagamento, com a redução de postos de trabalho a medida em que a economia e as vendas irão se desenrolando com o passar dos meses.
Aí vem um drama. Quem o empresário deve ou não manter em sua equipe?
Para aqueles cujas empresas forem essencialmente familiares e se esse fator pesar na hora de se pensar na manutenção ou corte do cargo, a situação será dolorosa. Mas terá de ser enfrentada.
Aquelas empresas em que o gestor não tiver um vínculo tão estreito com o colaborador, a decisão pode ser um pouco mais fácil, mas nunca destituída de riscos e dores.
Ninguém é bom em tudo. Por mais que o empresário ache que se conheça e tenha tido até agora um bom resultado, nessas horas de incertezas ele deverá contar com pessoas que possam contribuir de forma colaborativa. Com ideias que possam fazer com que a empresa atravesse essas águas turbulentas nesse momento.
Talvez ter alguém que somente cumpra as ordens e diga sim senhor a tudo, possa não ser uma boa estratégia.
Quem sabe ter alguém mais preocupado com detalhes, legislação, procedimentos e análise de risco, mesmo não sendo tão agradável quanto o colaborador anteriormente descrito, seja uma boa política nesse momento.
Às vezes são essas pessoas que dirão coisas não tão boas, mas que sejam necessárias para que se faça uma correção de rota e se veja coisas que nunca foram perguntadas. Afinal, o mercado se ajustava.
O empresário que realmente se conheça, que saiba quais são os seus talentos e tenha a percepção de seus pontos fracos, poderá compor uma equipe mais enxuta e que lhe dê melhores resultados durante o tempo em que busca sustentação e permanência no mercado.
Da mesma forma, conhecer os motivadores de seus colaboradores pode fazer toda a diferença entre gastar mais ou menos na busca de engajar e reter seus talentos.
Ninguém fica num emprego somente pelo fator salário, mas sim por ter pelo menos parte de seus motivadores satisfeitos. Se bem que numa época de incertezas, não se terá tantas opções assim para se abdicar da segurança de um posto conquistado.
Em suma, nesse novo cenário, não é somente dinheiro que irá faltar no mercado nos próximos meses.
Faltará também ao empresário informações mais apuradas sobre a qualidade dos colaboradores, sobre suas aptidões para manter a empresa rodando mesmo que seja com uma equipe reduzida, e uma previsão de suas atitudes quando forem requisitados a darem o melhor de si em tempos de escassez.
Fazer a escolha no achismo e descobrir depois que escolheu errado pode custar muito caro.
Mas tudo isso tem solução, basta entender a falta e buscar as informações corretas no mercado, pois esses conhecimentos não foram modificados pela pandemia.
Essa é uma das especialidades da Antares Talentos.
Até a próxima
Maurício Duarte