Sempre acreditei profundamente que nós, pais, formamos a base para a maneira como nossos filhos veem o mundo e a si mesmos.
A maneira que falamos com nossos filhos e filhas, de fato, se torna a voz interior que os sustentará por anos. Será essa ‘voz’ que falará com eles quando buscarem referência, repertório.
De que outra forma as crianças podem saber como os outros as veem ou as descrevem, a não ser ouvindo primeiro de seus pais.
O tom de voz, a melodia e velocidade, servem de primeiro contato do adulto com seu recém-nascido. Conforme crescem, reconhecem-se, aos poucos, por aquilo que falamos deles e para eles. Somos o primeiro espelho deles.
Pelas minhas próprias experiências quando criança, sei que o que meus pais diziam sobre mim sempre ressoou na minha cabeça. Muitas vezes fui descrita como tolerante, condescendente, calada, ‘que não dava trabalho’. Isso justificava o fato de que, por vezes, eu era deixada ‘em segundo plano’ para que pudessem atender a outras necessidades. Eu cresci com essas palavras – e as ações decorrentes – soando na minha cabeça. Me trouxe alguns problemas ao longo da vida que exigiram de mim aprender a me impor mais e me colocar em primeiro lugar. Agora, como mãe, entendo o poder de qualquer tipo de “descrição” que falo dos meus filhos. Tentei arduamente falar palavras positivas e respeitar suas individualidades e reconhecer/valorizar suas características pessoais.
Certa vez, numa das aulas quando estudei Inteligência Emocional, um caso me chamou muito a atenção. O rapaz estava preso por ter agredido a esposa. Em sua declaração, afirmava que havia crescido com agressão física e verbal acompanhado da frase “faço isso porque te amo”. Logo, como ele amava a esposa, sua linguagem de amor aprendida incluía agressões físicas e verbais. Veja a força da palavra e da ação impelida a outro.
Avalie: se algo tão cruel pode moldar uma pessoa desta forma, imagine se cultivássemos a linguagem do amor, do respeito e do valor de cada um?
Você está falando palavras de encorajamento e esperança para seus filhos? Mesmo com raiva, nós, pais, podemos perder o controle e dizer coisas ruins. Uma vez ditas essas palavras, porém, é difícil esquecê-las. Eu vivi momentos destes dos quais me arrependo até hoje, como mãe.
Desenvolva o hábito de fazer uma pausa antes de falar. Isso permitirá que você reúna seus pensamentos e controle sua língua.
Eu encorajo você a falar com seus filhos com palavras positivas e de apoio. Ajude a fortalecer sua voz interior para que desenvolvam fé em si mesmos e amem verdadeiramente quem são.
Esse pode ser seu maior legado!
Até a próxima.
Erica Moreira